Laserterapia de Baixa Intensidade no Tratamento de Feridas
- Mariana Pereira
- 27 de fev.
- 3 min de leitura
Atualizado: 10 de mar.
A cicatrização de feridas crônicas e complexas segue sendo um desafio na rotina clínica. Entre as abordagens disponíveis, a laserterapia de baixa intensidade (Low-Level Laser Therapy – LLLT) tem se mostrado uma opção segura e eficaz, com evidências científicas que sustentam seu uso.
O método vem sendo incorporado em protocolos de tratamento devido ao seu potencial para acelerar a cicatrização, reduzir a dor e contribuir para melhores desfechos clínicos.
Principais Mecanismos da Laserterapia
A laserterapia atua por meio da emissão de luz de baixa intensidade, estimulando processos celulares que favorecem a regeneração tecidual.
Efeitos observados na prática:
Aumento da produção de ATP, promovendo maior atividade celular.
Estímulo aos fibroblastos, favorecendo a síntese de colágeno.
Melhora da microcirculação, otimizando a oxigenação tecidual.
Redução do processo inflamatório, ajudando a controlar edema e dor.
Efeito antimicrobiano, dificultando a proliferação bacteriana e melhorando a resposta imunológica local.
Diferentemente de outras abordagens térmicas, o laser de baixa intensidade não causa queimaduras nem danos ao tecido.
Indicações Clínicas
A laserterapia pode ser aplicada em diferentes tipos de feridas e condições clínicas, sendo utilizada como complemento em diversas estratégias terapêuticas.
1. Feridas Cirúrgicas e Pós-Operatórias
Acelera a regeneração tecidual e reduz o tempo de cicatrização.
Minimiza a dor pós-operatória e reduz a necessidade de analgésicos.
Evita infecções secundárias devido ao seu efeito antimicrobiano.
Reduz edema e inflamação no pós-operatório imediato.
Auxilia em procedimentos plásticos e reparadores, prevenindo cicatrizes hipertróficas e queloides.
2. Feridas Traumáticas e Queimaduras
Favorece a regeneração de tecidos em lesões abertas e escoriações.
Reduz dor e processo inflamatório.
Melhora a microcirculação, promovendo melhor oxigenação tecidual.
Previne a formação de cicatrizes hipertróficas e queloides.
3. Feridas Crônicas: Úlceras Vasculares, Diabéticas e por Pressão
Aumenta a vascularização local, favorecendo a chegada de oxigênio e nutrientes.
Estimula fibroblastos e produção de colágeno.
Auxilia no controle da infecção, inibindo a proliferação bacteriana.
Reduz dor e desconforto associados a feridas crônicas.
4. Fissuras Mamárias
Estimula a cicatrização da pele lesionada.
Reduz inflamação e dor, tornando a amamentação mais confortável.
Previne infecções secundárias, especialmente em mulheres com risco de mastite.
5. Dermatite Periestomal
Reduz inflamação e eritema ao redor do estoma.
Estimula a regeneração da epiderme, acelerando a recuperação da pele danificada.
Diminui prurido e desconforto, melhorando a qualidade de vida do paciente.
Previne infecções secundárias e melhora a fixação de dispositivos coletores.
6. Lesões Orais e Estomatites
Reduz dor e acelera a cicatrização em aftas e estomatites.
Diminui inflamações gengivais e mucosites em pacientes oncológicos.
Auxilia na recuperação de feridas pós-procedimentos odontológicos.
7. Uso Pediátrico da Laserterapia
Tratamento de assaduras e dermatites infantis.
Cicatrização de feridas pós-operatórias pediátricas.
Alívio da dor e recuperação em queimaduras superficiais e de segundo grau.
Tratamento de lesões traumáticas e escoriações.
Auxílio na cicatrização de estomatites em crianças imunossuprimidas.
Benefícios da Laserterapia
A adoção da laserterapia no manejo de feridas tem mostrado vantagens na prática clínica, entre elas:
Cicatrização mais rápida, com melhor formação tecidual.
Redução da dor, favorecendo maior conforto ao paciente.
Efeito antimicrobiano, auxiliando no controle de infecções.
Melhora da perfusão tecidual, especialmente útil em úlceras isquêmicas.
Menor risco de cicatrizes hipertróficas e queloides, devido à organização das fibras de colágeno.
Aplicação da Laserterapia
A técnica é bem estabelecida e pode ser realizada por profissionais treinados, com parâmetros ajustáveis conforme a necessidade.
Aspectos práticos:
Duração: Sessões de 30 segundos a 2 minutos por área tratada.
Frequência: Em geral, 2 a 3 vezes por semana.
Equipamento: Uso de lasers com comprimentos de onda entre 635 e 830 nm.
Método: Aplicação direta na ferida e ao redor para estimulação tecidual.
Contraindicações incluem: áreas com tumores e feridas com sangramento ativo.
Quando Considerar a Laserterapia?
A laserterapia pode ser integrada ao plano de tratamento em diferentes momentos:
No pós-operatório imediato, para controle da dor e estímulo à cicatrização.
Em feridas crônicas, quando há necessidade de acelerar a regeneração.
Para pacientes diabéticos e vasculares, auxiliando na recuperação tecidual.
Em queimaduras e lesões traumáticas, como suporte na reparação celular.
No tratamento de dermatites periestomais e fissuras mamárias, promovendo alívio rápido e melhora na qualidade de vida.
Especialistas em cuidados com feridas e profissionais da estomaterapia podem incluir a laserterapia em seus protocolos para otimizar os resultados.
Integração com Outras Terapias
A laserterapia pode ser associada a outras abordagens para potencializar seus efeitos:
Terapia por pressão negativa.
Curativos de alta tecnologia.
Uso de antibióticos tópicos.
Oxigenoterapia hiperbárica.
Cada caso demanda uma abordagem individualizada para melhores resultados.
Conclusão
A laserterapia tem se consolidado como uma estratégia eficaz no tratamento de feridas, promovendo benefícios como aceleração da cicatrização e controle da dor.
Sua incorporação na prática clínica contribui para melhores desfechos, auxiliando na recuperação de pacientes com feridas cirúrgicas e crônicas.
A integração dessa técnica ao protocolo de atendimento pode trazer ganhos significativos, reduzindo complicações e otimizando o processo de cicatrização.
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